Meu corpo enrijece dentro do casulo. Vivo como um animal noturno, como uma loba dentro de cativeiro. Me acostumei a ter poucos minutos de sol, vindo de frestas. Aprendi que a distância é uma mera ilusão, já que tenho andado em sincronia com as pessoas que amo. Os dias são os mesmos, as horas não passam, ou passam muito rapidamente. Tem um passarinho que todo dia vem na minha janela me ver. Ele se certifica de que estou bem. Eu me certifico de que quem eu amo ainda está bem. Até quando? Parei de ver tv, acessar redes sociais, mas ainda não estou produtiva. Me sinto cada vez mais, sinto meus ossos estalarem, sinto o coração apertado, a falta de fôlego. Revivo desejos e memórias antigas. Revejo meus negativos, minhas vivências. Anoto meus pensamentos, e registro para que amanhã eu saiba que o que vivi foi real, apesar da áurea de sonho e ilusão. Apesar da barbárie. Apesar do número de mortos que não para de aumentar. E termino como comecei, abruptamente, e sem saber como vou estar amanhã.
Meu corpo preso na gaiola 
7/2020
Fotografia digital
Deito esperando a passagem do tempo
7/2020
Fotografia digital
Carência D
7/2020
Fotografia digital
Vida dentro
7/2020
Fotografia digital
Vida fora
7/2020
Fotografia digital
Paisagem da quarentena
7/2020
Fotografia digital
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